Mercado Hortifrutícola Tradicional
Quer reencontrar o sabor autêntico dos melhores produtos hortofrutícolas? Vá ter com os Agricultores, ao Mercado Tradicional!
Parece uma tarefa fácil, mas a realidade não é assim tão simples. Porque, quase sem nos apercebermos, a realidade foi mudando e aquilo que tínhamos por garantido, há umas décadas, já não existe.
Antigamente, era comum encontrar nos mercados, ou nas feiras semanais, os pequenos produtores agrícolas com os seus produtos fresquíssimos e acabados de sair da terra.
Dávamos dois dedos de conversa, aqui e ali, com o nossos vendedores preferidos, que conhecíamos pelo nome, regateávamos com eles ligeiramente os preços.
Eles faziam uma atenção no preço e, às vezes, compensavam com um pequeno ajuste do peso. Mas invariavelmente entregavam-nos os produtos, com uma exclamação de satisfação:
- Ora aqui tem, um 1 kg bem pesado...
E enquanto diziam isto, acrescentavam mais uma peça de fruta, ou um raminho de salsa, para equilibrar a balança...
No fim do dia ficávamos todos a ganhar:
- Os Consumidores que sabiam de onde provinham as maçãs e as cenouras.
- Os Agricultores que conseguiam negociar um preço justo para os seus produtos, com os seus múltiplos clientes.
- A Terra que era tratada de forma sustentável, sem recurso a tantos químicos para acelerar a produção e aumentar as quantidades.
- Os animais, que pastavam livremente pelos campos, sem serem injectados de hormonas, para acelerar o seu crescimento.
A Oferta de Hortícolas e Frutícolas actual.
As Feiras e Mercados Locais
A Importação, Industrialização e Uniformização dos alimentos, invadiu muitas das nossas Feiras e Mercados Locais.
Em alguns casos, os actuais mercados, ditos "tradicionais", são uma estranha combinação do pior dos dois mundos... os mesmos produtos assépticos e sem sabor das grandes cadeias de hipermercados, mas mais caros e sem os mesmos cuidados, na apresentação e preservação dos produtos.
Perante esta experiência, não é de estranhar, que muitos mercados ditos tradicionais, estejam às moscas, ou sejam convertidos em verdadeiros "shoppings" - como aconteceu com o mercado do Bom Sucesso, no Porto, que apesar de ser um espaço agradável, de mercado tradicional, nada tem.
Perante isto é natural que nos questionemos sobre as mais-valias de uma ida ao mercado tradicional.
Hoje, quando vai ao mercado, já não encontra o agricultor, ou algum familiar, que lhe saiba dizer onde e como foi produzido o que come.
Na melhor das hipóteses vai encontrar vendedores profissionais, com alguns produtos de qualidade, que vão buscar directamente ao pequeno agricultor, da sua região, durante a época e recorrem ao mercado abastecedor, para assegurar a oferta dos mesmos produtos, fora de época.
Nos actuais mercados "tradicionais", encontra por vezes os mesmos morangos espanhóis, nas mesmas embalagens de plástico, das grandes superfícies, mas não tem sequer as garantias de qualidade, e de conservação, que lhe assegura um hipermercado.
Ou seja, corre o risco de ir ao mercado e ter, uma má experiência de compra.
Pequenas pérolas de qualidade que conservam a tradição, com fruta e legumes de época e de boa qualidade.
Mas existem sempre, nos mercados, pequenas pérolas de qualidade que conservam a tradição da boa fruta de época e que vendem produtos provenientes de agricultores sustentáveis, e que lhe oferecem cenouras rijas, ainda com terra, porque não foram lavadas, para que durem semanas fora do frigorífico, sem perder o aroma e o sabor.
E é por estas pérolas, que alguns mercados tradicionais, ainda valem bem a sua visita.
A secção de Hortofrutícolas, do Hipermercado Moderno
O conceito de qualidade é, para muitos consumidores, apreendido no sentido de tamanho e aparência, em detrimento dos nutrientes e do sabor.
É comum ir ao supermercado, comprar os produtos hortícolas, que muitas vezes já estão embalados em caixas ou sacos de plástico. Os sacos de legumes para salada, pré-lavada e já cortada, contém com vários autocolantes e etiquetas que nos garantem tudo e mais alguma coisa. Há certificações para todos os gostos, não GMO, agricultura biológica, produto bio, produzido em Portugal, etc...
Rigorosamente todos os produtos embalados, têm uma data de validade, que nos diz até quando podemos consumir o produto. Os legumes têm sempre um aspecto brilhante e encerado, e nunca vemos folhas amarelas ou podres.
Todos os produtos são rigorosamente controlados de forma a garantir, ao consumidor, que são armazenados, transportados e conservados em câmaras frias. Durante todo o ano dispomos dos mesmos produtos, e não é raro encontrar tomates ou outros legumes provenientes de Espanha, Holanda e até do outro lado do Atlântico.
No fim do dia ficámos todos a perder:
- Os consumidores que em troca das promoções e da garantia da quantidade e "qualidade", tem uma oferta limitada de sabores e uma falsa ilusão de variedade.
- Os agricultores, que para assegurar um lugar de fornecedores na cadeia de distribuição, dominada pelas grandes superfícies, abdicam do preço justo, e são "enjaulados" em contratos castradores, realizados por advogados, sem rosto, que os obrigam a garantir: quantidade, preço e qualidade e por vezes até as promoções do 1 de Maio, com cláusulas de contratos eticamente discutíveis, mas legais - sempre em nome do benefício do consumidor.
- A relação do agricultor com a Terra, que se deteriora, porque o agricultor actual abdica da sua relação de equilíbrio com o meio, para poder assegurar a quantidade e a "qualidade" , com a previsibilidade que os contratos legais lhe exigem, nem que tenha que enriquecer o seu solo artificialmente, com produtos químicos importados de uma multinacional estrangeira, para substituir os nutrientes, que deveriam ser fornecidos por processos mais naturais, como a compostagem
- A terra, com o seu solo empobrecido e contaminado, pela necessidade de assegurar quantidades industriais do mesmo produto, num sistema de monocultura intensivo que privilegia o tamanho e aparência dos produtos hortofrutícolas, em detrimento do sabor (ou seja dos nutrientes).
- Os animais que deixam de ter espaço no campo e permanecem, quase imóveis, e amontoados em espaços fechados e regularmente desparasitados com produtos químicos, em condições que algum dia, no futuro, iremos julgar como eticamente degradantes. Animais que já não pastam e já não são úteis para adubar e estrumar a terra, porque são mantidos em condições pouco saudáveis e por isso, sujeitos a antibióticos para compensar, para além de serem alimentados com rações, estritamente calibradas, por profissionais especializados, para garantir uma engorda rápida e rentável.
- Os próprios hipermercados, que criaram um monstro - superestruturas desnecessárias e complicadas de manter, com excesso de normalização e de certificações, para satisfazer todo o tipo de consumidores, até os mais caprichosos, que querem as batatas já descascadas e as maças já fatiadas em tirinhas prontas a comer. Entre o desperdício de dinheiro em marketing e normalização de produtos, certificações, higienização e sofisticadas cadeias de frio e armazenamento de produtos, promoções e super-promoções, abastecer a sua mesa tornou-se um mau negócio até para as próprias grandes superfícies.