Há figos e figos-da-índia...
A figueira-da-índia é uma planta nativa do México e América Central, onde cresce espontânea, um pouco por todo o lado.
Então porque é que lhes chamamos "figueiras-da-Índia" ? Talvez seja uma deturpação, a partir do seu nome científico: Opuntia ficus-indica.
Os figos-da-Índia, na realidade, bem poderiam chamar-se figos-do-México, país onde são nativos e muito importantes para a alimentação e economia local.
Também conhecida como figueira-do diabo; piteira, figueira-palmeira, palma,nopal, entre outros nomes, esta planta é utilizada há mais de 9000 anos nas regiões semi-áridas, devido aos seu valor nutricional e também às múltiplas aplicações a que se presta.
Em Portugal existe também há séculos e cresce espontânea, no Alentejo e Algarve. É costume encontrá-la nas bermas das estradas, e no meio dos campos formando de sebes.
Na Figueira-da-Índia tudo se aproveita
Na figueira-da-Índia, tudo se aproveita:os figos, as palmas, as grainhas, as flores e até a raiz.
Com esta planta fazem-se compotas, licores, sumos, gelados, marmeladas, patês e, há até quem os utilize para fazer, imagine, pastéis de nata. Isto a nível alimentar, porque a figueira-da-índia também tem muitas outras aplicações, nomeadamente a nível da indústria farmacêutica e de produtos de beleza, em medicamentos, esfoliantes, chás, cremes, óleos, etc...
Na construção civil usa-se um subproduto da figueira-da-Índia, como ligante. E há até quem use a seiva das palmas da figueira-da-índia, na bio-construção.
Da semente do figo-da-índia extrai-se um óleo muito usado em cosmética.
Os frutos, medem até 9 cm, têm uma forma ovóide e pesam aproximadamente 200 g. A polpa é deliciosa e muito refrescante, com um sabor, muito peculiar, que varia entre o da pêra e o do melão. Além do seu excelente sabor, os figos-da-índia são ricos em ferro, magnésio e vitaminas A,C e E.
Ideal para dietas pelo seu baixo teor calórico e propriedades antioxidantes, este é um fruto muito saudável e refrescante.
As palmas podem ser mais ou menos espinhosas, e também se usam, tal como os figos, para alimentação e forragem - as palmas em particular, eram muito usadas no Alentejo, para alimentar os porcos.
As flores, são secas e usadas em infusões, pela sua ação antiinflamatória e no combate às cólicas gastrointestinais. Na medicina tradicional, recomenda-se a infusão de flor de figo-da-índia, pelas suas propriedades diuréticas, ação relaxante no trato urinário e para melhorar a função renal.
Mas, esta é uma planta que tem o dom de nos atrair e repelir, em simultâneo, porque as palmas e os frutos estão recobertos de espinhos, o que dificulta bastante a sua colheita.
As figueiras-da-índia, também são muito usadas, para fazer sebes e vedações e na realidade são uma opção muito económica e interessante:
- fixam o solo e ajudam a evitar a erosão
- servem como proteção anti-radiação
- são uma barreira efectiva e difícil de transpor, que pode atingir 3 metros de altura
- são fáceis de cultivar e de manter
- atraem as abelhas com as suas flores
- são muito decorativas
- pode usar as podas como forragem para animais
- pode consumir os frutos sem danificar a sebe.
Um sabor sempre diferente
No Norte e Centro de Portugal, cultiva-se, sobretudo, como planta ornamental, porque os frutos não chegam, a atingir a plenitude de cores e sabores, que observamos no Sul de Portugal, embora também se possam consumir.
Sempre que vou para Sul e encontro uma figueira-da-Índia, carregadinha de figos maduros, não resisto a experimentar, porque não há dois frutos iguais e o seu sabor é muito peculiar.
O seu aroma, o seu sabor e até mesmo a cor da sua polpa, são bastante variáveis. Logo, é sempre uma surpresa, provar um figo-da-Índia!
Confesso que já piquei os dedos com espinhos, só para os provar, mas nem isso me demove de os apanhar, quando que vejo uma figueira-da-Índia, na berma da estrada, carregadinha de figos maduros!
Como colher os figos-da-índia
Os figos-da-índia, são agrestes, difíceis de colher, devido aos seus espinhos, mas como tudo é uma questão de treino e com alguma prática - e picos na língua ou nos dedos - tudo fica bem mais simples!
Estava a brincar, claro!
Se vai fazer a colheita de figos, pela primeira vez, escolha um dia ameno, sem vento e calce umas luvas bem grossas, de cabedal. Se tiver uns óculos de proteção, use-os também.
Deve colher sempre os figos numa posição em que o seu corpo sirva de barreira ao vento e os picos não voem na sua direção. Depois, é uma questão de paciência para colher os figos e retirar os picos, antes de os comer. Com prática, há até quem os consiga apanhar sem luvas.
Se não quer meter-se em grandes trabalhos, pode comprar os figos, sem picos, já prontinhos a comer, diretamente a um produtor agrícola.
Onde comprar figos-da-Índia
Não faltam alternativas, para beneficiar do sabor incomparável dos figos-da-Índia.
Actualmente é fácil provar os figos-da-Índia, sem dissabores, porque já existem, em Portugal, vários produtores de figos-da-índia, sobretudo no Algarve e Alentejo, onde as condições naturais são excelentes para o seu cultivo.
A cor dos frutos varia, desde o branco, amarelo, passando pelo laranja, verde, roxo e até vermelho vivo! Na realidade existem mais de 250 variedades de figos-da-índia.
Aqui mesmo, na Reforma Agrária, pode comprar diretamente aos produtores: chá de flor de figo-da-índia, compota de figo-da-índia, palmas e frutos, para consumo. Alguns produtores também vendem as próprias palmas, para plantação.
Como plantar
A figueira-da-Índia é uma planta que se dá em todo o país e suporta bem a seca e escassez de água. É fácil de reproduzir e pode atingir um porte de 1,5 até 3 metros de altura.
Pode plantar durante a primavera e outono.
Plante as figueiras-da-índia em linha, não as plante isoladas, nem expostas a ventos, porque os ventos podem causar bastantes estragos na planta, sobretudo em zonas ventosas. Oriente a planta, de forma a evitar a exposição a ventos de norte ou ventos marítimos
Para plantar basta comprar as palmas a um produtor, ou pedir a algum vizinho que as tenha e espetá-las no solo, tipo estaca.
Pode reproduzir a planta por semente, mas demora cerca de cinco anos até produzir frutos, por isso a técnica mais comum é a reprodução por estaca, ou seja, enterrar as palmas no solo, na vertical, até metade do seu tamanho.
As flores são amarelas ou laranja, muito vistosas e decorativas.