Os aditivos alimentares estão para os alimentos, tal como a maquilhagem está para as pessoas.
Com os aditivos alimentares podem fazer-se milagres:
- Na aparência
- No sabor
- No aroma
- Na conservação
- Na consistência dos alimentos
Os aditivos aumentam o tempo de vida dos alimentos, conservando e, até realçando, a textura, a cor e o sabor.
Mas, tal como os produtos de beleza e de maquilhagem - esses "aditivos" tão úteis para nos sentirmos bem - os aditivos alimentares devem ser usados com parcimónia, para evitar as alergias e a deterioração da saúde, da pele, e não só…
Porque é que os aditivos alimentares, devem ser alvo do nosso escrutínio atento?
Muitos aditivos alimentares são inócuos para o organismo e não colocam em risco a qualidade dos alimentos, nem tão pouco a nossa saúde, até pelo contrário, ajudam a proteger a nossa saúde, evitando a contaminação e deterioração dos alimentos.
Quantas empresas abusam de aditivos para melhorar o aspeto de alguns alimentos, ou para disfarçar a sua fraca qualidade, em detrimento da nossa saúde?
Existem, por outro lado, algumas utilizações que são bastante abusivas e prejudiciais para o consumidor, apesar dos aditivos per si serem legais.
E existem ainda, aditivos que apesar de legais nalguns países, não o são noutros, por existirem algumas evidências, de que possam ser nefastos para a saúde.
Existe sempre a possibilidade, e por vezes acontece, de um aditivo que aparenta ser inócuo para o nosso organismo, se revelar potencialmente cancerígeno, quando interage com outras substâncias ou sob certas condições, nomeadamente as condições particulares de cada indivíduo. Por exemplo, alguns aditivos são perfeitamente inócuos, mas não para quem sofre de determinadas alergias.
No entanto, as embalagens alimentares apenas indicam qual o nome ou um código do aditivo e não os seus potenciais efeitos alergénicos.
Porque é que aditivos prejudiciais, são legais?
Muitos aditivos, apesar de perigosos para a saúde, são legais porque se presume, quando se legisla a sua aplicação, que vão ser usados de acordo com os critérios da lei e em produtos que não são de consumo regular.
Por isso é que muitos aditivos são permitidos, por exemplo, até um determinado valor limite, que é considerado perfeitamente inócuo para o organismo.
O problema é que a maior parte dos consumidores, não anda com um kit de análises no bolso, para medir a dose de cada aditivo que consome. E, nem isso seria praticável, mesmo para o cidadão mais esclarecido.
É difícil, a um consumidor, estabelecer a relação entre o consumo de determinados aditivos e as reações do seu organismo, porque estas se confundem com a sintomatologia de outros problemas e nem sempre se manifestam imediatamente após o seu consumo.
Além disso, a grande maioria das pessoas não têm consciência dos aditivos que consome e, portanto, não está sequer em condições de estabelecer a hipótese de algum, dos seus problemas de saúde, estar associado ao consumo de um determinado aditivo.
Tudo isto contribui para retardar, as evidências de que algum aditivo possa ser prejudicial para a saúde.
E, mesmo quando há evidências, sobre a perigosidade de um determinado aditivo alimentar, elas terão que ser validadas por vários estudos e por amostragens significativas. Tudo isto requer tempo, financiamento, rigor e o interesse de alguém em fazê-lo. E, se tiver havido vontade, ou pressão social, para se realizarem os tais estudos, é ainda necessário validar os resultados desses estudos.
Partindo do pressuposto, que os estudos chegam a resultados conclusivos - o que nem sempre acontece - terão ainda que ser validados, por outros estudos e por outros especialistas, para garantir que houve rigor na análise do problema e fiabilidade nos resultados.
Quando finalmente, a comunidade científica chegar a conclusões definitivas sobre a perigosidade de um determinado aditivo alimentar, já se passaram meses, anos ou até décadas.
Mas este, longo e moroso processo, não termina aqui!
Nada nos garante que as conclusões dos especialistas, serão imediatamente vertidas em letra de lei.
Se esse aditivo, for difícil de substituir, ou economicamente importante, as entidades interessadas na sua utilização, irão fazer Lobby contra as restrições ou a sua eventual retirada do mercado.
Se estiverem em causa os interesses de entidades com grande poder económico, como grandes multinacionais, estas irão recorrer às suas poderosas equipas de advogados, e em simultâneo patrocinar artigos de "especialistas", campanhas de marketing "informativas" e "rigorosos" estudos, para provar o contrário. Será posta em marcha uma verdadeira guerra mediática - e nos bastidores dos corredores políticos - para impedir ou, pelo menos, adiar a implementação da lei, que deveria banir ou restringir o uso desse aditivo alimentar.
E esta batalha, poderá até, eventualmente, ser ganha em benefício do consumidor.
Mas também poderá terminar em litigâncias eternas, para desacreditar os autores dos estudos e provar que as evidências não são totalmente conclusivas ou não podem ser validadas.
Neste longo intervalo de tempo, nós vamos consumindo alimentos com o tal aditivo alimentar e ninguém nos protege contra os seus malefícios.
Porque o tempo das Instituições, não é o tempo das pessoas...
Mas podemos estar alerta e evitar certos aditivos alimentares, sobretudo quando já foram, de alguma forma, restringidos ou banidos noutros países.
Diferenças na Legislação, relativa aos Aditivos, entre países.
Um bom exemplo das diferenças entre países, na Legislação, que nos deveria proteger contra a falta de segurança de alguns aditivos, é o E321.
O uso dos E321 é legal, na União Europeia.
O uso dos E321 é legal, nos EUA, excepto em alimentos infantis.
O uso do E321 é ilegal no Japão, na Suécia, na Roménia e na Austrália
O uso do E321 foi banido pelo McDonalds, em 1986.
O E321, é um aditivo lipossolúvel e antioxidante, usado como aditivo alimentar e conservante em alimentos, cosméticos e medicamentos. É usado nos alimentos, porque ao combinar-se com os radicais livres, retarda o processo de oxidação, o que é importante para conservar os alimentos, medicamentos e até dos cosméticos, prolongando o seu tempo de prateleira e aumentando a sua rentabilidade.
O uso do E321 foi registado nos EUA, na década de 50 do século passado. Desde essa data, os conhecimentos científicos evoluíram e surgiram evidências e informações contraditórias sobre o seu uso, antes considerado inofensivo. As dúvidas dizem respeito ao seu potencial cancerígeno e à dificuldade, de algumas pessoas, na sua metabolização.
Por essa razão, o aditivo E321 foi banido em alguns países, como a Austrália e o Japão, mas não na União Europeia
Como explicar então, a diferença na interpretação sobre os seus malefícios, pelas entidades supervisoras dos diferentes países?
Porque, apesar das evidências, não se considera cientificamente provado, nenhum dos malefícios evidenciados, e até que isso aconteça - se chegar a acontecer - é possível legislar favoravelmente ao seu uso para fins alimentares.
O E321 é apenas um exemplo, entre muitos outros, que nos deve alertar para os perigos do consumo exagerado de alimentos processados e pré-cozinhados - mais ricos em aditivos alimentares.
É um facto, inegável, que o consumo de alimentos processados, sobretudo pelas crianças e pessoas mais vulneráveis, não é a melhor opção para a saúde.
Quanto mais regular for esse consumo, e quanto mais artificiais e processados forem os alimentos, maiores os riscos para a saúde.
Não é fácil deixar de consumir alimentos processados, mas é possível e benéfico, que se evite consumir sempre o mesmo tipo de produtos processados, de forma regular ou em quantidades exageradas.
- Comer quatro ou cinco bolachas, não é o mesmo que comer um pacote de bolachas todas as semanas.
- Comer uma bolacha coberta de chocolate e com recheio de nata, não é o mesmo que comer uma bolacha tipo Maria.
- Comer um saquinho de gomas e um leite achocolatado, não é o mesmo que comer uma gelatina e um copo de leite.
- Beber um copo de refrigerante, uma vez por semana, não é o mesmo que beber coca-cola todos os dias.
- Beber um refrigerante acompanhado de uma lasanha pré-cozinhada, não é o mesmo que beber um refrigerante acompanhado de batatas, com bacalhau e legumes.
As consequências para o nosso organismo, destas diferentes combinações, são muito diferentes.
O ideal é mesmo variar as fontes de alimentos e dar preferência aos alimentos mais frescos e naturais, em detrimento dos alimentos mais artificiais e processados.
Mas, sobretudo variar!
Porque é que não podemos dizer com segurança, que um aditivo é saudável.
O efeito alergénico de cada aditivo, pode variar devido ao próprio aditivo em si:
- diferenças na concentração e especificidade do aditivo e entre lotes de alimentos diferentes de um mesmo produtor.
- diferenças na produção do próprio aditivo.
Mas também devido a factores externos que são apontados como capazes de interferir na potência do efeito alérgeno do aditivo utilizado:
- Tempo: oxidação, alteração do pH
- Temperatura de armazenagem dos produtos: O aquecimento pode resultar em perda de potência; poderá ocorrer perda da potência em semanas e até em dias.
- Contaminação: acelera a degradação do extrato.
- Efeito diluição: a perda de potência é diretamente proporcional à sua diluição.
- Tempo de armazenagem dos produtos
- Volume relativo de aditivo em relação ao volume do frasco do produto
- Tipo de aditivo (reflete concentração e presença de enzimas)
- Tipo de diluente empregado e conservantes.
- Interação com outros aditivos no mesmo produto
Não podemos garantir que o consumo, de diversas combinações de aditivos alimentares, de forma continuada, é seguro.
Eventualmente, a mistura de aditivos pode comprometer o seu efeito alergénico.
Os aditivos alimentares, estão tão vulgarizados que devemos estar atentos, porque alguns podem ser prejudiciais para a nossa saúde, se consumidos em excesso, apesar de legais.
As crianças, são as mais pressionadas e as mais vulneráveis, aos efeitos cumulativos dos aditivos alimentares.
Com tudo isto, a questão que se levanta é:
Como podemos garantir, com segurança, que não há interações negativas, para o organismo dos consumidores, quando estes consomem diversas combinações de produtos com aditivos, de forma continuada?
A resposta correta e responsável é só uma:
- Não podemos garantir!
Seria desejável que todos os consumidores respeitassem os limites, recomendados, de consumo de cada aditivo, mas isto não é viável pelo simples facto de a informação necessária para o fazer não estar ao alcance dos consumidores, mesmo quando lêem todos os rótulos com atenção e são consumidores atentos e bem informados.
Não é possível controlar o nosso consumo de aditivos, em todas as situações, nomeadamente:
- quando fazemos refeições fora de casa
- na alimentação escolar e extra-escolar dos nossos filhos
- quando participamos em festas e eventos
- quando os coleguinhas de escola, das crianças, celebram aniversários e distribuem doces e guloseimas aos colegas.
- quando as próprias educadoras escolares, organizam festinhas com refrigerantes e batatas fritas à mistura.
Assim, a única forma de fazer uma alimentação saudável, é mesmo reduzir o impacto destas situações, que não controlamos, restringindo ao mínimo, o consumo de produtos processados, nas outras situações que controlamos, sobretudo na nossa alimentação, em casa.
E claro, tentar controlar o que as crianças consomem fora de casa, educando-as para hábitos alimentares mais saudáveis. O que só é possível fazer, pelo exemplo!
Se os pais da criança, têm o frigorífico e os armários de cozinha, recheados de doces, refrigerantes e bolachas, não podem esperar que a criança chegue a casa e escolha um copo de leite e uma peça de fruta, para o lanche.
Seja bem vindo ao clube dos que não sabem, mas querem saber, o que comem!
Mas, claro tudo isto, é apenas a minha visão pessoal sobre os aditivos, depois de ler umas coisas, aqui e acolá.
Sou mais uma especialista em coisa nenhuma, por isso você não tem forma de saber se o que acabou de ler, não será parte das fake news.
Esse é o seu principal problema, talvez pior que o dos aditivos!
Confuso?!
Embarque a bordo deste projecto que não tem as respostas, mas tem muitas perguntas para fazer!
Juntos vamos procurar os produtores, para saber o que andamos a comer!