Eu tenho um sonho!
Sonho que um dia vou acordar e já não haverá muros de incompreensão entre pessoas urbanas e rurais. Nem barreiras culturais entre quem decide, na cidade, e quem vive, no campo. O meio rural, já não será um vazio de poder, de conhecimento e de empregos.
Sonho que, um dia, viver no meio rural será um privilégio e um símbolo de qualidade de vida, que irá atrair e disputar as pessoas dos meios urbanos,
Sonho que, um dia, muitos vamos abandonar os nossos empregos, de tarefeiros urbanos, nas prateleiras das caixinhas envidraçadas, que são os escritórios modernos.
E Partir, para o Campo!
Comprar, comprar, comprar...
Trabalhar, trabalhar, trabalhar...
Pagar, pagar, pagar...
Sonho com um país, de pessoas felizes e sem o stress das pressões consumistas, comprar, comprar, comprar...e trabalhar, trabalhar, trabalhar... para pagar, pagar, pagar...
Um país em que viveremos todos com menos tralhas e com mais espaço para sermos nós próprios!
Sonho com um país, em que seremos todos, elementos proactivos da simbiose entre a cidade e o campo.
E em que haverá, mais emprego, mais conhecimento e mais vida, para além do Litoral.
Sonho com um país, em que as aldeias serão repovoadas e as pequenas cidades interiores, reflorescerão de cultura e modernidade.
E em que seremos todos mais sustentáveis e já não serão necessários Circos Mediáticos, para salvar o País, ou o Planeta!
Sonho com um país, em sentido contrário, do actual.
Em que, as auto-estradas que agora ajudam a separar e a partir, para o Litoral, serão instrumento de união e de retorno, para o Interior.
Sonho com um país, cheio de jovens, que saem das suas gaiolas envidraçadas, para conquistar o verde, o azul e o amarelo que enchem de cor as aldeias e montanhas de Portugal.
E irão com a sua energia, com a sua cultura, com a sua música, com a sua literatura, construir este novo país!
Sonho com um país modelo, de povoadores, com uma nova dinâmica rural!
Em que, serão os caixotes, das periferias urbanas das grandes cidades, a despovoar-se de gente.
Um país em que seremos todos mais Sustentáveis, Saudáveis, Solidários e Felizes!
E nesse dia, quando eu chegar à cidade, com molhos de couves e secos para compostagem, os meus vizinhos não irão olhar de lado, nem saltar de inquietação com os "bichos imaginários" que ficaram na entrada, ou no elevador do condomínio.
E já não vou sentir aquele ambiente asséptico, nem o ar pesado de químicos e desinfectantes, quando subo pelas escadas.
E os pátios, sem alma e sem vegetação, onde brincam as crianças, ganharão vida, em vez de brinquedos de plástico e armadilhas para os ratos.