A morte assistida, com intuito comercial

Já alguma vez se questionou como foi morto o peixe que estava na sua refeição?  Pois, eu até hoje, também não...

Já alguma vez se questionou como foi morto o peixe que estava no seu menu?
A morte assistida dos animais em cativeiro, não é apenas uma questão de sensibilidade, é uma questão de ética.

Sabemos que a lagosta estava viva quando foi para a panela e continuou viva até morrer de "suada" - um eufemismo muito conveniente, para o sofrimento da pobre lagosta, que em nada nos reduz apetite! 

Julgamos que o seu sistema nervoso é tão rudimentar que ela não sofre. Mas será assim?

Como é possível que, durante décadas, de cada vez que eu abria uma lata de atum, não me questionasse sobre o passado daqueles seres vivos?

E já agora, sobre como tinham sido "assistidos" na sua morte?

É curioso que esta questão me tenha surgido, na semana em que o Parlamento andava a debater a Legislação sobre a morte assistida, dos humanos.

Porque a morte dos animais de criação, é também uma espécie de morte assistida, mas sem consentimento!

O que nos deveria levantar, algumas questões éticas...

E, sem dúvida, também deveria ser debatida, no parlamento - agora que já temos partidos que se apresentam como defensores dos direitos dos animais.

Afinal de contas, todos os dias são mortos em Portugal milhares - ou serão milhões? - de animais, para nos servirem de alimento.

Não será a morte assistida destes animais, um assunto ainda mais importante, do que a morte de um touro na arena?

Sem querer desconsiderar a importância do debate, sobre os direitos a manter as tradições versus os direitos dos animais.

Não estaremos demasiado focalizados nos touros de morte, enquanto ignoramos ostensivamente as condições de morte dos milhares de animais que são abatidos, durante o tempo em que decorre uma só tourada?

Eu considero que há assuntos muito mais importantes, pelo seu impacto:

  • Como podem os peixes ser mortos de forma humana?
  • Porque é que cozinhamos animais vivos, como as lagostas?
  • Quem nos garante a morte ética dos animais que importamos de países com legislações mais permissivas?
  • Quem nos garante que não comemos animais que tiveram toda uma vida de sofrimento e encarceramento, deploráveis? 
  • Quem garante a supervisão e a informação sobre o respeito dos direitos desses animais, em vida e na morte?
  • Existe legislação sobre este assunto?

Além disso, porque acho que a melhor forma de lidar com as tradições, eticamente questionáveis, é apostar na educação dos mais novos, para deixar cair a tradição em desuso, natural e progressivamente...

Que Legislação existe em Portugal, para a morte assistida dos animais?

Se existe legislação - como é óbvio que existe - como é que ela é aplicada e supervisionada, em Portugal? 

Quando compramos, em Portugal, peixe proveniente das mais diversas origens, como podemos saber se foram respeitados os direitos, a uma morte digna, desses animais?

Como podemos saber se o nosso menu, é eticamente reprovável?

Quando optamos por um peixe muito mais barato, mas de origem duvidosa, não deveríamos ser alertados disso? 

Parece-me que há um desconhecimento geral, sobre este assunto! 

E falta de debate, também.

Os Touros de Morte, debatidos na esplanada com uma "bejeca" e caracóis. 

Parece-me que o único debate com eco na imprensa , é sobre os touros de morte.

Mas, como é possível que haja quem, numa semana combata os touros de morte, para na outra se sentar numa esplanada a comer caracóis ou uma singela Lagosta "Suada"?

Porque os touros de morte estão na ordem do dia, mas o sofrimento de uma Lagosta "suada", já não é assunto que nos ofenda!

Será que a sua consciência nada acusa?

Todos vemos a lagosta vivinha no aquário e até, por vezes a escolhemos...

Sabemos que a lagosta estava viva quando foi para a panela e continuou viva até morrer de "suada" - um eufemismo muito conveniente, para o sofrimento atroz da pobre lagosta, que em nada nos reduz apetite!  

Ou será que o seu sistema nervoso é tão rudimentar que ela não sofre?

Sabemos que é mais simples que o do peixe, mas não há ainda certezas e, na dúvida, deveríamos ser mais piedosos!

Todo o comportamento da lagosta, dentro da panela, demonstra mal-estar, e isso deveria ser suficiente para despertar a nossa consciência.

Já alguma vez se questionou como foi morto o peixe que estava no seu menu?
Já alguma vez se questionou como foi morto o peixe que estava no seu menu?

Porque é que a morte comercial diária dos animais que nos servem de alimento, não é tão escrutinada, como as touradas de morte? 

Será que a legislação, existe?

E se existe, como sabemos que não passa de letra morta no papel?

Não sei as respostas - vou pesquisar sobre o assunto - para já ficam as questões, que são sempre o princípio do caminho para obter as respostas.

E bem haja, quem saiba e me queira elucidar!

Mariana Barbosa

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