A Serra d'Arga
A Serra d´Arga é uma zona de Montanha, no Alto Minho, com um extraordinário Património Natural e uma Paisagem eminentemente Rural.
Será que os benefícios justificam os prejuízos Socio-Culturais e Ambientais, provocados pela exploração de Lítio?
Dado, o elevado valor paisagístico, desta zona de montanha, única na Europa, e das zonas envolventes, existem inúmeros Projetos de Turismo de Natureza, Alojamento Rural e Explorações Agrícolas, nomeadamente projectos de Agricultura Biológica.
Quais as possibilidades de compatibilizar a Exploração do Lítio, na Serra d'Arga, e nos seus arredores, com a qualidade do Turismo, que é emblemática desta Região?
Quais os impactos Ambientais e Sociais, da exploração do Lítio, na Biodiversidade e na Preservação da Paisagem a nível local?
Quais os benefícios da exploração do Lítio para as Populações Locais e da Região?
E para os portugueses?
Os (eventuais) benefícios justificam os (garantidos e irreversíveis) prejuízos Socio-Culturais e Ambientais, da exploração de Lítio?
Quais os reais benefícios da exploração do Lítio?
Os lucros, da exploração de Lítio vão ser repartidos como? E por quem?
Quanto, desse lucro, irá servir para colmatar os (irreparáveis) danos ambientais, que irão ser provocados pelas escombreiras deixadas nos locais de exploração?
Qual vai ser o impacto e o prejuízo económico das Explorações Agrícolas, dos Circuitos de Turismo de Natureza e das Propiedades de Alojamento Rural?
Vão ser indemnizadas pelos danos? E estes são possíveis de quantificar? Quantos empregos vai destruir o Lítio nesta Região?
E os Municípios afetados, por esta aberração, continuarão a usar Slogans como:
- "Caminha - Mosaico de Paisagens"
- "Ponte de Lima - Terra Rica de Humanidade"
- "Serra d'Arga: há um caminho para o mar, pelo silêncio da montanha".
Expropriação de privados, para benefícios privados
Porque é, apenas e só, de interesses económicos que estamos a falar!
E, na realidade, já todos sabemos, por quem vão ser repartidos.
As populações locais vão perder rendimentos e ver desvalorizados os seus activos. Pior, muitos habitantes vão ser expropriados dos seus terrenos afectados ou contíguos às explorações de Lítio.
E assim, num contínuo processo, de desfazer, em desfazer - o que levou décadas, séculos, milénios a conservar - vamos hipotecando o Futuro e a Memória Paisagística de Portugal, numa espécie de Bipolaridade Colectiva, que ora celebra a riqueza e diversidade da paisagem nacional, ora legisla a sua corrupção.
Foi assim com a eucaliptização nacional e será assim com o plano anunciado de exploração de lítio, que irá prejudicar imensas populações rurais, sobretudo do interior.
E no final, alguns, muito poucos, "iluminados" vão lucrar.
Destruindo pelo caminho, uma a uma, todas as mais-valias, que poderiam salvaguardar um futuro mais sustentável, mais seguro e mais justo para os nossos filhos e netos:
- O nosso Património Sócio Cultural
- A nossa Biodiversidade e Paisagem
- A nossa Memória Coletiva
- A nossa Ligação com a Natureza
Não será que, os gigantescos prejuízos superam os ditos "benefícios"?
Por mais ideais que sejam os retratos, com que nos pintam o futuro sorridente e os "alegados benefícios" desses projectos, na imprensa, ninguém no terreno acredita!
Porque tudo isto tem inegáveis consequências para a saúde e qualidade de vida das populações locais. Isto, para já não falarmos dos impactes a nível da disponibilidade e qualidade da água, do ar e do solo, que a exploração de lítio irá ter numa região que é rica em aquíferos naturais, e um reservatório nacional de água de qualidade.
A exploração de lítio, irá dar transformar um território biodiverso, com áreas de proteção ambiental, numa rede de escombreiras, em que inúmeras áreas irão ser afectas à exploração de lítio e serão irremediavelmente destruídas, mesmo que nos digam que virão, mais tarde, a ser recuperadas.
As escombreiras do despovoamento?
Ou seja, depois de anos de aposta na qualificação ambiental e proteção ambiental desta Região, com inúmeros investimentos públicos e particulares. Muitas destas áreas vão, agora, ser transformadas em escombreiras!
Isto é, no mínimo, brincar com dinheiros públicos e desrespeitar os trabalho sério dos privados, que há décadas investem no Desenvolvimento Sustentável da Região. Porque o Alto Minho, quer ser uma Terra Para as Pessoas e não Contra as Pessoas.
Segundo a infopedia, uma escombreira é uma grande concentração de estéril, isto é, minerais sem aproveitamento de uma mina em exploração ou de desmontes. As escombreiras impedem o desenvolvimento da vegetação e de qualquer atividade agrícola.
Ou seja vamos destruir o que as populações locais levaram anos, décadas, séculos a construir e preservar, contra a vontade dessas mesmas populações, para o benefício e enriquecimento de alguns - muito poucos!
Isto acontece, perante a recusa declarada das populações desta região!
Ainda podemos considerar que vivemos em democracia?
Como podem ter o descaramento de chamar "Limpa" a uma energia que vai destruir esta paisagem, estes modos de vida e desertificar este território?
Quando meia dúzia de políticos decidem, contra os interesses daqueles que dizem representar!
Quando a voz da população local é ignorada e silenciada e ultrapassada, pelas estratégias e burocracias governamentais?!
Mas, se o fazem, destruindo o bem-estar e desrespeitando os interesses legítimos das comunidades locais, ignorando-as ostensivamente, que legitimidade têm, estes políticos, para representar esses cidadãos?
O que pode a população local fazer perante a mediatização das "energias limpas" e dos alegados "Benefícios" do Lítio?
E, com que legitimidade, podem ter o descaramento de chamar "Limpa" a uma energia que vai destruir esta paisagem, estes modos de vida e este território?
Nada!
Não se pode nada!?
E na realidade, representam-nos?
Quando as decisões são feitas em prol de interesses pessoais e financeiros, apesar dos interesses reais das pessoas.
Então, podemos afirmar com propriedade que a Democracia se converteu numa Cleptocracia!
E que é tempo de lutar pela mudança!
Contra os promotores deste anunciado desastre socio-económico-ambiental.
Porque,
- Por mais belas que sejam as imagens virtuais divulgadas nos media, das plantas "idealizadas", das futuras áreas a intervencionar durante a exploração do Lítio;
- Por mais brandos que sejam os estudos de impacto ambiental;
- Por mais ilusionismos que haja nos discursos oficiais;
- Por mais historietas de futuros de encantar...
Nós sabemos, que nunca a realidade corresponde aos ideários que nos vendem.
Já viu este filme?
Já vivemos este filme e já reconhecemos este modus operandi... com a Eucaliptização (ainda em curso ) de Portugal.
Mas, se calhar, com o Lítio será ainda pior!!
Porque o mapa das zonas de exploração do Lítio, a ser cumprido, vai "matar" o que sobrou, da destruição e abandono do Meio Rural, neste país que parece acreditar que existem dois países paralelos, cujas realidades nunca se tocam:
- O Portugal Urbano que vive na Era da Economia Circular e da Neutralidade de Carbono e das Ciclovias
- O Portugal Rural, que está prisioneiro do Neo-Colonialismo do Estado, que delapida os seus recursos, para o enriquecimento de empresas Globais, à custa do empobrecimento das pessoas e empresas locais.
Algo está muito errado, numa sociedade, quando o modo de vida e os valores básicos da população, são ameaçados, por aqueles que dizem defendê-los.