Hoje vi um camião a anunciar uma "Floresta mais Produtiva" e fiquei a pensar com os meus botões, que um Eucaliptal, não tem nada a ver com o meu conceito de Floresta!
O eucalipto, na minha insignificante opinião, é uma espécie invasora (em Portugal), infestante e intensificadora de fogos. Mas que, não o é oficialmente, apenas porque dá lucro, e contribui para o aumento do PIB, apesar dos incalculáveis prejuízos reais para as populações afectadas por este "Negócio da China".
Mas, em Portugal, preferimos enfiar a cabeça na areia e continuar a investir no lucro imediato, desleixando os problemas que se estão a acumular para Futuro.
E, entretanto, falamos alarvemente, em economia circular e sustentabilidade - somos um país de políticas bipolares!
Basta viajar na A1, para perceber que Portugal, tem vindo a empobrecer, drasticamente, a sua paisagem e a sua biodiversidade, graças à promoção da eucaliptização nacional.
Empobreceu, é um eufemismo, porque em algumas regiões ocorreu um verdadeiro apagão da Biodiversidade Local - perante o silêncio (ensurdecedor) de muitos especialistas e entidades ambientais.
Por isso, achamos que já conhecemos esta história... e até já nos acomodamos:
- a viver rodeados de eucaliptos;
- a assistir à crescente intensidade, proximidade e dimensão dos fogos;
- a assistir a discursos de diabolização dos proprietários rurais, como se estes fossem os principais responsáveis pelos fogos
- a ver idosos, nos meios rurais, a roçar mato, para não gastar a reforma toda nas limpezas;
- a assistir à destruição de ecossistemas sustentáveis, que restam, e ao abate indiscriminado de árvores, em nome da prevenção dos fogos;
- a assistir à transformação do mundo rural, a partir de março, num espaço cheio de fumos e ruídos das motoserras e roçadoras,
- a conviver com as "ameaças" e "denúncias", entre vizinhos, manipulados por "campanhas de medo",
- a assistir impotentes ao abate de árvores; à redução da biodiversidade, ao aumento dos fogos controlados para queima de "combustíveis" e à destruição da cobertura natural do solo.
- a ver pássaros, ovelhas, salamandras, rãs, etc... mortos nos campos e na berma das estradas, por causa da massiva pulverização do solo e das águas com glifosato e outros herbicidas.
- ao abandono das casas e quintais, nas aldeias rodeadas de eucaliptos.
- a sermos expulsos das nossas casas, e das nossas aldeias pelo fogo, e ainda sermos responsáveis por fazer a limpeza dos destroços e arcarmos com os danos.
Fundos Europeus alocados ao aumento da Produtividade do Eucalipto
Por isso, não compreendo como pode haver fundos europeus alocados ao aumento da produtividade do eucalipto?
O Projecto Melhor Eucalipto é um projeto co-financiado por fundos europeus através do Programa FEADER, PDR 2020 (Programa de Desenvolvimento Rural), no âmbito do Portugal 2020.
Alguém me consegue explicar como é que possível estarmos, ainda, a financiar e alocar fundos europeus para a adubação dos eucaliptais, depois da tragédia de Pedrogão e com uma coligação governamental que apregoa a Redução do Eucaliptal?
Ou, eu percebi mal e nada disto está a acontecer?!