Não podíamos deixar de partilhar e contraditar este artigo de opinião, publicado no jornal Observador.
Este artigo reflete uma visão oposta da nossa, de alguém que pensa dentro da caixa irrespirável, que é a da (insustentável) agricultura actual!
Décadas de governação e legislação a apoiar, ensinar e promover, ininterruptamente, um modelo de produção e distribuição em grande escala, mataram a agricultura plural!
Apoiada por governos, ensinada nas universidades e seguida pelos profissionais agrícolas de *sucesso.
Respeitamos a opinião do autor, mas não podia ser mais distante da nossa porque entendemos que só tem razão, dado o contexto actual, de captura da agricultura, pelas grandes corporações.
Décadas de governação e legislação a apoiar e promover, ininterruptamente, a produção e distribuição em grande escala, mataram a agricultura plural!
A agricultura plural
Aquela que nos permitiria ter uma alimentação mais sã, um solo mais fértil (logo, muito mais produtivo!), um ar menos contaminado, mais variedades de fruta e legumes e até de produção animal (logo mais resistente a pragas e doenças), etc...etc...
Reduzir tudo a esta dicotomia entre o agricultor pobrezinho, que mal se consegue alimentar, e a agricultura, intensivamente, suportada em agro-químicos, é não conseguir descolar da forma, que foi moldada à medida de grandes corporações e monopólios.
Um molde que está gasto e começa a dar sinais perigosos, como:
- a salinização dos terrenos do Alqueva
- a concentração da terra nas mãos de fundos internacionais (empresas sem rosto, sem memória e geridas única e exclusivamente pela lógica do lucro).
- a importação massiva de mão-de-obra barata (com uma pegada social e ecológica brutal), etc...etc...
- a destruição das comunidades locais, que ainda restam nos territórios de baixa densidade.
- a utilização abusiva de pesticidas e antibióticos, etc...
- a destruição de habitats essenciais para a manutenção da biodiversidade.
- a redução drástica, e muito preocupante, de insectos polinizadores.
- a morte massiva de aves e outros animais por envenenamento.
- a epidemia de cancro, alergias e doenças crónicas.
E tudo isto porquê?
Qualquer um dos "moços de lavoura, muito baratos", saberá que:
- Com a monocultura, promovemos a destruição dos solos.
- Com a calibração, promovemos o desperdício alimentar e reduzimos a biodiversidade natural
- Com a produção em larga escala, promovemos uma brutal concentração da terra - um bem essencial à vida - na mão de uma oligarquia.
- Com a distribuição em larga escala, promovemos uma das maiores causas, senão a maior, da poluição a nível global - com o aumento exponencial de viagens e embalagens!
A grande produção e a grande distribuição, são dos maiores responsáveis pela poluição do planeta
Em conjunto, a grande produção e a grande distribuição alimentar, são dos maiores responsáveis pela poluição do planeta e pela degradação da nossa saúde, a nível global!
Mas não são os responsáveis, por esta visão redutora do agricultor sustentável, a um pobrezinho sem futuro no planeta da modernidade agrícola.
Os principais responsáveis pela implementação deste modelo agrícola são, todos os deputados e governantes, passados e actuais, que com mais ou menos lobby (legítimo), com mais ou menos suborno (ilegítimo) fizeram a opção, de colocar na prateleira de uma arrecadação, numa cave obscura:
- os nossos direitos à qualidade de vida;
- os nossos direitos à saúde;
- os nossos direitos à qualidade ambiental;
- os nossos direitos a usufruir de um território biodiverso e multicultural.
E ficamos todos nós, cidadãos, à mercê de uma única lógica, a do lucro!
A lógica do *sucesso
* sucesso segundo o conceito actual de dinheiro=sucesso.
Este artigo é a prova de que algo terá que mudar na agricultura nacional!
E, ainda vamos a tempo, enquanto houver memória colectiva, do que é verdadeiramente a agricultura plural!
Por isso, não poderíamos deixar de o partilhar!
Afinal, é no confronto saudável de opiniões divergentes, que se constrói o futuro. Um futuro, que nós esperamos, que seja bem mais sustentável, do que o que nos anuncia o autor!